Romanos: Comentário Exegético

Esta obra1N. T.: Contexto histórico da publicação: a primeira aparição deste comentário, em inglês, foi no ano de 1991. Originalmente era um volume que cobria apenas Romanos 1 a 8, lançado na série de Wycliffe Exegetical Commentary, pela Moody Press. Em 1996, o comentário completo de Douglas Moo foi lançado pela primeira vez, substituindo o volume de John Murray na série New International Commentary on The New Testament. Em 2018, uma segunda edição do comentário foi publicada em inglês. E finalmente, em 2023, esta segunda edição foi traduzida e lançada no Brasil pela Editora Vida Nova. A resenha abaixo se refere à primeira edição, porém ela também será útil para a segunda edição, uma vez que o núcleo da argumentação permaneceu inalterada em sua maior parte – e as posições teológicas do autor permaneceram não mudaram. As atualizações mais importantes da segunda edição são: 1) atualização bibliográfica; 2) atualização das notas de rodapé, especialmente com citações de comentários e bibliografias secundárias relevantes lançados desde a publicação da primeira edição (vale ressaltar que Moo frequentemente interage com os autores recentes no corpo principal do texto); 3) acréscimo e ampliação de alguns excursos. é a conclusão, em um único volume, daquela que Moo começou na série Wycliffe Exegetical Commentary para a Moody Press, com Romanos 1-8, publicado em 1991. Moo manteve essencialmente o que fez naquele primeiro volume, embora em um formato muito diferente e com algumas atualizações, e agora forneceu comentários sobre a segunda metade do livro. A promessa de Moo de um diagrama sintático do texto grego no segundo volume do comentário original não é cumprida. Devemos nos contentar com sua análise de três páginas, que combina a forma epistolar (abertura e encerramento da carta) e um esboço teológico (quatro pontos teológicos principais). No novo comentário, ele adiciona uma seção introdutória sobre texto e tradução.

Há muito mérito neste comentário, especialmente para os leitores de Themelios. Eles certamente apreciarão a atenção cuidadosa ao texto, a interação com uma variedade de literatura acadêmica, a abordagem de questões importantes na atual pesquisa paulina e em Romanos, e, talvez acima de tudo, o alto respeito pelo texto que o autor claramente demonstra e as conclusões conservadoras (de fato, em muitas instâncias, reformadas) que são frequentemente alcançadas, e praticamente sempre acompanhadas de razões e argumentações para tal. Há vários pontos em que concordo com Moo – na verdade, na grande maioria. Estes incluem, por exemplo, sua visão da situação de Paulo no momento da escrita, sua crença na integridade da carta, com todas os dezesseis capítulos enviados a Roma, uma audiência composta por judeus e gentios, e um desejo de apreciar a natureza não ocasional de Romanos. Em relação à sua exegese, concordo que Romanos 1:16-17 é o tema da carta, que 1:18-3:20 descreve o domínio universal do pecado, que o genitivo em 3:22 é um genitivo objetivo (não subjetivo), que 3:21-4:25 trata da justificação pela fé e que Romanos 7 provavelmente trata de Paulo, pelo menos em parte (embora eu não usaria o mesmo tipo de lógica e rotulagem que ele faz). Moo também inclui três excursos. O primeiro é sobre a linguagem da justiça em Paulo, onde ele reforça uma perspectiva reformada tradicional sobre tal linguagem. Eu gostaria de passar menos tempo argumentando partindo de uma perspectiva do Antigo Testamento sobre isso, mas concordaria com grande parte do que ele diz sobre a importância e a estrutura conceitual dessa linguagem. O segundo é sobre Paulo, “obras da lei” e o judaísmo do primeiro século. Aqui, Moo aborda várias perspectivas recentes nos estudos paulinos, incluindo como interpretar Romanos 2 e a ideia de que alguns poderiam ser justificados praticando a Lei, e a chamada Nova Perspectiva sobre Paulo, representada pelo obra de Sanders, Dunn e outros. Reconhecendo que esses estudiosos forçaram a comunidade acadêmica a repensar várias questões, Moo, corretamente, questiona essa visão. Ele sugere que o judaísmo primitivo era mais legalista do que a pesquisa recente quis sugerir e que a reconstrução de Sanders do judaísmo da época pode não ser tão precisa. O terceiro excurso é sobre a linguagem de Paulo “com Cristo”. Embora haja alguma ambiguidade se este é um estudo de palavras ou um estudo conceitual teológico, Moo está certo em observar a dimensão forense na ligação de Paulo entre Adão e Cristo.

Também há algumas coisas com as quais eu discordaria de Moo, não porque eu ache que Moo está necessariamente errado, mas porque discordo da perspectiva a partir da qual ele interpreta os versículos e as questões específicas. Uma delas está em termos de sua crítica textual. Moo parece acabar apoiando o texto Nestle-Aland na grande maioria das instâncias, embora nem sempre com evidências claras, muitas vezes indo contra o peso das testemunhas. Ele frequentemente apela para razões contextuais, mas nem todas me parecem gramaticalmente convincentes. Isso leva à minha segunda crítica. Moo parece carecer de qualquer tipo de entendimento sistemático da gramática grega. Como resultado, em várias ocasiões, ele parece estar apelando para certa terminologia linguística simplesmente porque ela apoia o caso exegético que ele está fazendo, enquanto em outras ocasiões ele descarta tais categorias com palavras de cautela. Em terceiro lugar, em várias instâncias, eu teria que discordar das conclusões exegéticas de Moo, simplesmente porque leio a evidência de maneira diferente. Em Romanos 7:7-25, sobre o uso do “eu”, concordo em grande parte com Moo, mas suas referências aos tempos passado e presente e seu uso de um quadro temporal para estabelecer sua posição, em minha opinião, não são inteiramente convincentes ou consistentes. Em muitas instâncias, são as considerações teológicas de Moo que são decisivas para sua exegese. Por exemplo, em relação à importância do tema da reconciliação em Paulo, depois de citar uma gama limitada de evidências, Moo descarta sua centralidade na teologia paulina. Eu concordaria, mas isso não significa – como ele afirma – que deve ser descartada como periférica em Romanos.

Em conclusão, há muito utilidade aqui para os exegetas, especialmente para aqueles de uma perspectiva teológica conservadora. A citação de literatura secundária é bastante abrangente e geralmente confiável. Naturalmente, sempre se desejará pesquisar mais a fundo, uma vez que há fontes importantes que não são citadas de forma alguma. No entanto, no geral, este é um comentário que pode ser recomendado, não por outro motivo, mas pelo fato de não se envergonhar de sua posição e representá-la bem.

Notas:

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    N. T.: Contexto histórico da publicação: a primeira aparição deste comentário, em inglês, foi no ano de 1991. Originalmente era um volume que cobria apenas Romanos 1 a 8, lançado na série de Wycliffe Exegetical Commentary, pela Moody Press. Em 1996, o comentário completo de Douglas Moo foi lançado pela primeira vez, substituindo o volume de John Murray na série New International Commentary on The New Testament. Em 2018, uma segunda edição do comentário foi publicada em inglês. E finalmente, em 2023, esta segunda edição foi traduzida e lançada no Brasil pela Editora Vida Nova. A resenha abaixo se refere à primeira edição, porém ela também será útil para a segunda edição, uma vez que o núcleo da argumentação permaneceu inalterada em sua maior parte – e as posições teológicas do autor permaneceram não mudaram. As atualizações mais importantes da segunda edição são: 1) atualização bibliográfica; 2) atualização das notas de rodapé, especialmente com citações de comentários e bibliografias secundárias relevantes lançados desde a publicação da primeira edição (vale ressaltar que Moo frequentemente interage com os autores recentes no corpo principal do texto); 3) acréscimo e ampliação de alguns excursos.

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